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Afoxé Ayó Delê – “Alegria da Casa” nas ruas da beira rio

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Uma sereia desfila a noite pelas ruas de pedra a beira do Rio Vermelho. Não é só uma sereia, é mais do que os olhos podem ver, mais do que o coração pode sentir. Tem símbolo e significado, o conteúdo dentro do continente, o que não podemos ver, a mágica evocada pelos cantos, toques, dança e alegria. Uma saudação à vida, ao amor, encantamento que transforma suor em alegria, em lágrimas de felicidade afinal… aprendemos nestes dias que Oxum não gosta de tristeza. É o rio que lava a alma, que nos renova e que aceita amorosamente os presentes que oferecemos como mãe ancestral que é. Viva o Afoxé Ayó Dele! Viva o Ẹgbẹ́ Omoduà Opo Ọdẹ Àróle! Viva Goiás e o Rio Vermelho “que é nosso e é lindo!”.

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“Nós estamos a dezesseis dias cultuando Oxum. Dormindo tarde e acordando cedo. Dias de trabalho intenso que culminam neste Afoxé. Um ato político, pois toda ação nossa nessa vida é um ato político. Vocês poderiam estar em casa agora, curtindo seu sofá e TV. Mas estão aqui, para entoarmos juntos nossas vozes por estas ruas históricas saudando nossos ancestrais e valorizando nossa cultura.” Com estas palavras Robson Max, diretor do Espaço Cultural Vila Esperança e Babalorixá do Ẹgbẹ́ Omoduà Opo Ọdẹ Àróle, abriu os toques iniciais da saída pública do Afoxé Ayó Delê.

Como o próprio Bàbá disse, foram dezesseis dias de obrigações internas cultuando os Orixás. Na noite do dia 13 de maio de 2017 cerca de 200 pessoas se juntaram aos filhos da Religião Tradicional Yorubá para um desfile pelas ruas históricas da Cidade de Goiás, patrimônio mundial segundo a Unesco. Familiares e crianças da Escola Pluricultural Odé Kayodê, comunidade local e participantes de movimentos sociais se juntaram neste cortejo que percorreu o leito do Rio Vermelho brandando com sutileza, graça, beleza e cantos ancestrais. Uma valorização das raízes negras do Brasil. Um brado de afirmação contra todo o tipo de intolerância, preconceito e discriminação.

Pela primeira vez, em dezessete anos, a sereia saiu junto no cortejo, em cima de uma camionete. Junto a ela estavam elementos ancestrais, assim como ao longo do cortejo que conta com símbolos das mães Iyami Oxorongá.

Na ponte, entre a casa da escritora Cora Coralina e a cruz do Bandeirante Anhanguera, Oxum foi mais uma vez reverenciada com oferendas, flores, perfume e amor. E embaixo da ponte um pássaro dizia: “Está aceita a sua oferta!”

Para quem se junta ao Afoxé pelo ritmo, pela beleza, pela cultura, a noite foi de empoderamento. Para as crianças da escola, uma aula extra de cultura, história e de respeito ao outro. Para os observadores um ritmo que pulsa ao som de seus corações. Para os ouvidos intolerantes que escutaram mesmo trancafiados em suas casas ou “protegidos” em suas ruas “impassáveis” fica a lição de amor e de afirmação de uma cultura que deve ser respeitada por sua beleza, grandeza e ancestralidade.

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